quarta-feira, 21 de agosto de 2013

No início...

 
Comecei a trabalhar em rádio na década de 1980. Para ser mais preciso, em Julho de 1987 na extinta Rádio Clube de Itabuna-Ba. Já contei aqui um pouco da minha tragetória. Fui bastante incentivado pelo meu irmão mais velho Marcos Soares, descoberto pelo diretor de programação da Clube, à época, Nilvaldo Reis e muito orientado pelo diretor de esportes Adelson Pinheiro.

Tive o privilégio de trabalhar com grandes profissionais que certamente contribuíram muito com a consolidação da minha carreira na radiodifusão itabunense. Muitos, infelizmente, já não estão mais na terra dos viventes.

Destes lembro-me de Lima Gallo, Jorge Eduardo, Davi Peixoto, Mário Mota, Gildásio Fialho Thompson, Mário Mota, Rosito Dutra, Jay Batista, Titio Brandão, Tio Eliúde, Lima, Paulo Rogério Argolo, José Carlos Fagundes, Gêz Aguiar e tantos outros. 

Alcancei ainda a época das cartucheiras e seus cartuchos, onde eram gravados as vinhetas, jingles e spots comerciais que eram veiculados na programação da emissora. 

Lembro-me do "Bip" das cartucheiras informando que o cartucho estava novamente no ponto. Lembro-me dos Pick-ups musicais que exigiam habilidade dos operadores de áudio em colocar a agulha com precisão no inicio da faixa musical a ser executada, dos gravadores de rolo que serviam até para produzir o efeito Delay que dava um brilho no som das transmissões esportivas (ainda não existia o Reverb), lembro-me das fitas cassetes, onde ao gravar uma locução comercial ou uma chamada promocional, não se devia errar, pois se errasse teria que voltar tudo do começo.

Tudo era mais difícil, tudo era mais complicado de se fazer. Porém tinha glamour, tudo aquilo produzia um prazer incalculável com os resultados obtidos. Era mais gostoso de fazer. 

Hoje é tudo mais fácil, mecânico, automático. Não que eu seja contra a modernidade, ao avanço tecnológico e nem que eu seja saudosista, utópico. Nada disso. É que hoje você tem o computador, os plug-ins, os Playlists da vida, os Sound Forges, Pro tools, Vegas, Sonar e mais uma infinidade de softwares de gravação e edição que tornam as coisas cada vez mais impessoais.

Nos microfones das emissoras, as diferenças são mais gritantes. Não se tem mais aquele cuidado com o que se fala e como se fala, parece que não existe mais aquela preocupação com a escolha dos comunicadores e com o que estes levam ao ar. Não há mais aqueles que orientavam os jovens em inicio de carreira. 

No meu início, fui muito bem orientado pelos mais experientes. Sempre tinham uma dica importante, uma experiência a ser transmitida, uma correção a ser feita. Talvez hoje há um certo receio dos mais experientes em transmitir suas idéias, seus conhecimentos, pois facilmente podem ser taxados como "Mr Google" apelido dado à aqueles que sabem de tudo. 

E o pior é que muitos jovens que estão iniciando a carreira no rádio pensam que já sabem tudo e que já são autosuficientes, desprezando a sabedoria dos mais velhos. Existem também aqueles "mais velhos" que desprezam as idéias, o entusiasmo para as enovações e o conhecimento adquirido pelos mais jovens nas universidades ou em cursos sobre o rádio.

Também hoje existe uma certa desvalorização do profissional de rádio (pelo menos é o que percebo aqui no Sul da Bahia), por parte de alguns dirigentes de rádio, principalmente aqueles que usam o rádio pensando apenas no lucro ou em seus interesses pessoais e políticos. Que pouco investem na emissora (muitas vezes essas operam com equipamentos sucateados e ultrapassados), e nos seus profissionais. Resultado: muitos bons talentos estão ficando para trás, muitos estão cada vez mais desmotivados e optando em buscar outras oportunidades longe do rádio.

Porém, apesar dos pesares, o rádio continua com seu encanto, com sua magia, vencendo seus obstáculos e seus algozes e encantando multidões através de suas ondas eletromagnéticas. Continuo a dizer, sou um apaixonado pelo mundo maravilhoso do rádio e agradeço a Deus pelo talento que me ofereceu para me fazer comunicar através do microfone e das produções sonoras.

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